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sábado, 28 de dezembro de 2013

O ELEFANTE DA CRISE

É conhecida a "parábola do elefante" contada por Djalâl-ad-Din Rûmî
(1207-1273),expoente da poesia mística persa.
Foi o caso que alguns hindus exibiram um elefante para pessoas que
 nunca tinham visto tal criatura,mas exibiram-no numa sala escura.
Não o podendo ver, todos procuraram identifica-lo com as mãos.
Um apalpou a tromba e declarou que o animal era como um tubo de
água. Outro apalpou a orelha e disse que aquele animal era como um
leque enorme. Outro  apalpou o dorso e declarou que devia ser como
um grande trono.Outro a perna, afirmou sem hesitações que um elefante
era como uma coluna. De acordo com a parte que apalpava, cada um
dava uma descrição diferente da criatura.
Não nos interessa aqui a conclusão de Rûmi,que fala em espuma e mar.
Por agora basta que nos empreste o elefante,se faz favor.
E nem precisamos da sala escura,obrigado podemos pô-lo mesmo no
meio da praça, ao meio dia claro e sem nuvens nem sombras.
Agora chamem os governantes atuais,os passados e os candidatos a futuros
e mandem-nos descrever o elefante.
Vão ver que cada um apalpa uma parte e vê com as mãos,mesmo olhando-o
todo. Se a seguir,lhes perguntarmos como tratar e alimentar o paquiderme,
como " viram"coisas diferentes,imaginamos a variedade de propostas que
vão surgir. Como se pode dar a mesma comida a uma criatura de Deus que
parece um tubo,ou antes um leque,ou antes uma coluna?
Será melhor devolver o elefante ao dono antes que tenha uma crise de fígado.
Eu disse crise? Não era disso que eu queria falar,mas nem de prepósito.
A palavra escorregou pela tromba do bicho e veio-nos parar aos pés ,melhor
será agarrá-la. Pois não é que a situação do país parece um elefante, onde se
 descrevem partes e não se vê o conjunto? Bem sei, há animais que não se
veem bem por serem pequenos, outros por serem grandes. Mas não é o caso.
                                                                                    ARISTIDES NELVA

 

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