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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

"O ANJO COR DE FOGO"




Crónica visual do Advento (I): Chagall e o profeta Isaías
O anjo cor de fogo abraça-o. A sua grande mão direita acaricia a barba do profeta, e as suas grandes asas estão estendidas pelo vento. A sua veste é ampla e feminina, com abundantes pregas desenroladas. Parece dominar a composição, sem dúvida porque o artista nunca figurou diretamente Deus, em respeito à tradição judaica. É precisamente sob esta forma de anjo que ele representa indiretamente a presença divina. Isaías, respeitoso, inclina-se e flete o joelho. O seu rosto meditativo, luminoso, dominado pelo verde - cor da esperança? - parece mergulhado numa profunda meditação. Entre as convenções da linguagem corporal, a barba longa significa a velhice e a sabedoria. Ela é frequentemente usada pelos ilustradores medievais. Chagall utiliza-a aqui como o sinal essencial que distingue o profeta-sábio. Outra convenção, a do pergaminho desenrolado, está igualmente presente. As palavras divinas que lhe são inspiradas pelo anjo estão já escritas, cobertas pela sua grande mão aberta.

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