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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

[Senhor, nas minhas veias]
Vitorino Nemésio
Senhor, nas minhas veias
Trago a morte medida.
Sou lâmpada de pobre:
Nem toda a noite a vida.
Já meu sangue estremece;
Veio uma asa ao lago.
Minha mão arrefece
Nestas coisas que afago.
Que maneira de amor
Fui, no menino ido!
Agora, seja o que for
Já no homem cumprido.
Até ao último fio
Poupei o dote divino.
O homem de Deus perdi-o;
Só salvei o menino.
Esse me leva e enche
Como uma onda do mar;
Minhas fraquezas preenche,
Que a grande força é brincar.
Já vai escurecendo;
O sangue pára de arder.
Agora, o que digo acendo
Para não me perder.


Um comentário:

  1. Um poema bonito no entanto, melancólico, triste.
    Gosto mais quando nos oferece poemas positivos e cheios de esperança e positivismo.
    Um grande abraço e beijinhos da amiga
    Milú.

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